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Um gigante alado dos céus brasileiros

Em 1987, Peter Wellnhofer descreveu os restos fósseis de dois pterossauros encontrados na então Formação Santana, no Nordeste brasileiro. O material fóssil consistia em um crânio e sua correspondente mandíbula e uma mandíbula isolada. Wellnhofer, então, atribuiu os fósseis a um novo gênero, Tropeognathus, que significa "mandíbula com quilha" ou algo parecido.


Segundo a avaliação do material conduzida por Wellnhofer, esse novo gênero teria duas espécies: T. mesembrinus e T. robustus (Figs. 1 e 2, respectivamente). Entretanto, atualmente apenas T. mesembrinus é considerado um nome taxonomicamente válido.



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Figura 1. Tropeognathus mesembrinus, o holótipo. Imagem: Wellnhofer, 1987.


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Figura 2. "T. robustus". Imagem: Wellnhofer, 1987.

Um das características mais marcantes do T. mesembrinus que Wellnhofer pôde notar no material então disponível são na verdade duas: duas cristas sagitais; uma crista premaxilar e outra mandibular, conforme você pode ver aí na imagem. Note que o posicionamento dessas cristas difere da de outros pterossauros até então conhecidos, como o A. blittersdorffi (Fig. 3).



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Figura 3. Anhanguera blittersdorffi. Imagem: Wellnhofer, 1987.

Segundo a interpretação de Wellnhofer, estas cristas teriam funcionado mais ou menos como a quilha de um barco, ajudando a estabilizar as mandíbulas na água, o que faz bastante sentido se esses pterossauros tiverem sido mesmo piscívoros (Fig. 4).



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Figura 4. Dois Tropeognathus disputando um lanche.

Um artigo publicado em 2013 por pesquisadores brasileiros, mostrou que o T. mesembrinus possuía outras características interessantes também, mas não exatamente exclusivas. Uma delas, presente pelo menos nos adulto, é o que chamamos de notário (notarium) (Fig. 5), uma fusão das vértebras dorsais anteriores (por vezes incluindo até a última cervical).



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Figura 5. Esqueleto axial e pelve do Tropeognathus mesembrinus. Abraviações: cv = vértebras cervicais; not = notário; dv = vértebras dorsais; pel = pelve. Imagem: Kellner et al. 2013.

O notário tinha a função de servir de local de ligamento dos músculos usados para propelir o voo e, também, ancorava a escápula, um osso que é era usado tanto no voo quanto para se lançar ao ar.


Além da fusão de algumas vértebras dorsais, no T. mesembrinus também as vértebras sacrais fusionavam-se, pelo menos nos adultos, formando um estrutura conhecida como sinsacro, que está relacionada à robustez e reforçamento da região pélvica.


Por fim, mas não menos importante, o material fóssil descrito pelo time brasileiro permitiu que a envergadura de asa do T. mesembrinus fosse estimada em cerca de 8 metros e 20 centímetros. Um gigante dos céus brasileiros no Cretáceo Inferior.



Quer fixar o que aprendeu agora? Veja o vídeo abaixo!





Para saber mais:


Peter Wellnhofer, 1987, "New crested pterosaurs from the Lower Cretaceous of Brazil", Mitteilungen der Bayerischen Staatssammlung für Paläontologie und historische Geologie 27: 175–186; Muenchen


Kellner, A. W. A.; Campos, D. A.; Sayão, J. M.; Saraiva, A. N. A. F.; Rodrigues, T.; Oliveira, G.; Cruz, L. A.; Costa, F. R.; Silva, H. P.; Ferreira, J. S. (2013). "The largest flying reptile from Gondwana: A new specimen of Tropeognathus cf. T. Mesembrinus Wellnhofer, 1987 (Pterodactyloidea, Anhangueridae) and other large pterosaurs from the Romualdo Formation, Lower Cretaceous, Brazil". Anais da Academia Brasileira de Ciências. 85: 113. doi:10.1590/S0001-37652013000100009



A pelvis at the front – the notarium:





 
 
 

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